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Ensaio Sobre a Cegueira
(Blindness, 2008)

•Com poucos problemas, Meirelles entrega mais um filme digno de suas mãos, e que vale apena•

Foi um polémica. Um desespero, de muitos pra assistir o filme do até então cutuado filme de Meirelles, que já havia presentado muitos de nos com seus magníficos, dois últimos trabalhos. Pois é, o que esperar depois desses dois últimos trabalhos, mais um grande filme, correto ? Pra mim, sim esperava um grande filme ... dessa vez não tão bom quanto seus dois últimos (Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, quase perfeitos) mais um filme acima da média e que compensa ver.
2008 - Um bafafa infernal em cima do filme quando ele abriu o festival de Cannes, poucos dias depois leio por ai que o filme de Meirelles não tinha agradado a massa do festival. Pois bem, o filme é uma adaptação da obra homónima do escritor português José Saramago, vencedor do Nobel de Literatura. Conta a história de uma cidade onde repentinamente todos ficam cegos - exceto a mulher de um médico (Mark Ruffalo), interpretada por Julianne Moore, que vê fatos aterradores a seu redor e gradualmente se conscientiza da responsabilidade que tem. Ainda tivemos informações de que o filme participaria de muitos outros festivais, como o de Toronto, depois iria abrir o Atlantic Film Festival, depois o Festival de Tokyo ... e nada por aqui.


Alguns dias, meses após essa falação, o filme ainda não tinha chegado ao Brasil, mais continuei ouvindo rumores de que o filme realmente não era tão bom quanto as outras obras do diretor, ou que de fato era um dos filmes mais fracos do ano ... Tudo lorota. Demorei um bocado pra ver o filme, pois queria ir ao cinema e estava sem dinheiro ... até que finalmente recebi o meu pagamento mensal, saindo do trabalho e indo direto ao cinema, mais excitei em perguntas a algumas pessoas da fila se o filme era bom (faço isso com costume - sempre pergunto aos desconhecidos o que eles vão ver), e por sinal me parecia algumas pessoas inteligentes na fila, era eu, um senhor e mais três senhoras ... O senhor iria ver o filme 'Bezerra de Menezes" e não tinha visto o filme, as outras três senhoras iriam ver pela quarta vezes o musical "Mamma Mia", de tanta empolgação eles cantaram algumas músicas pra mim na fila, hilário ... Sendo assim, elas já haviam visto o filme, e diziam ser apenas um filme 'bom' ... Nada me fez mudar de ideia, uma vez que já havia lido o livro, na qual foi muito interessante.


Após a sessão, lá vai eu ... sempre penso primeiramente nos problemas do filme, mas vamos por partes. Tudo começa no transito na qual um homem (personagens sem nome complicam a situação), fica cego repentinamente, logicamente ele decidi procurar um médico junto a sua esposa, o medico atesta que os olhos do mesmo estão normais, na manhã seguinte o médico também amanhece cego de uma forma inexplicável, pouquíssimo tempo depois toda a população, pelo menos boa parte dela entra em quarentena em lugar medíocre e nojento ... Até a chegada de um tirano que começa a quebrar todas as regras que já haviam sido implantadas nas Alas nas quais eles se alojaram ... problemas e mais problemas ocorrem dentro desse pavilhão, até uma certa moça decide colocar fogo no prédio e tudo mais ... E exatamente aqui, que os problemas começam.
O personagem do Gael Garcia Bernal me tirou do serio durante toda sua aparição, uma vez que não suporto tirania do tipo que ele faz, a demora intalavél da personagem de Juliane Moore pra matar ele me deixa mais irritado ainda ...


Bem uma coisa que não gosto em alguns tipos de filmes, principalmente quando se trata de terror ou ficções como tais, e o porque de as coisas acontecerem sem nenhum motivo - neste somos obrigados a não saber o motivo e levar apenas como uma lição de vida, até ai tudo bem. O que mais me deixou fulo com o filme, foi a falta de coordenação de Meirelles em filmar em diversos lugares ... Exato, eu moro exatamente onde ele filmou por aqui em São Paulo ... passo por esses lugares todos os dias da minha vida, e posso atestar que ele fez uma confusão muito grande ao mudar de uma cena pra outra tentando passar despercebido, isso foi péssimo uma hora em São Paulo, logo somos transportados pro Canada e um segundo depois estamos em Tokio grande confusão. Quanto ao resto, temos um ótimo trabalho da parte fotográfica, não que seja uma fotografia revolucionaria, como vi muitas pessoas dizendo por ai, que o filme merecia uma indicação ao OSCAR em alguns categorias, e isso inclui a fotografia ... puro exagero. Já não digo o mesmo das atuações, quanto a Juliane Moore que já podíamos esperar um ótima atuação de sua parte, e claro que fui recompensado ... muito pelo contrario, sim ela merecia uma vaguinha novamente ao OSCAR. O roteiro de Don McKellar tenta ser fiel demais, mesmo cortando muitas partes do romance, mas podemos se dizer que ele consegue se manter na medida do possível, banhado de uma ótima trilha sonora e de um elenco bom (creio que não seja fácil coordenar um elenco inteiramente cego) Meirelles ganha novamente os créditos da direção, e de um ótimo filme.

• Avaliação: 8,0
• Cotação: Òtimo
» Direção: Fernando Meirelles
» Roteiro: Don McKellar (roteiro), José Saramago (romance)
▬ Elenco: Juliane Morre, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover e Gael Garcia Bernal