quinta-feira, 16 de abril de 2009

# Vida Eterna: Robert Altman

Robert Altman

» Idade: 81 anos
» Nascimento: 20/02/1925
» Falecimento: 20/11/2006

Pode não ser mestre ou um gênio - mais com estilo único e com grande humor foi sem dúvida um ótimo diretor

Autor de obras-primas como Nashville, M*A*S*H* e Short Cuts – Cenas da Vida, além de grandes filmes como Três Mulheres e O Jogador, Robert Altman firmou seu nome internacionalmente fora dos padrões do cinema comercial e, em especial, Hollywood, tanto que nunca venceu o Oscar de melhor diretor, apesar de ter sido indicado cinco vezes – venceu, no início desse ano, um prêmio honorário em reconhecimento de sua carreira.

Na ocasião, disse que nunca dirigiu um único filme que não tenha desejado fazer – difícil de acreditar, no entanto, se levar em conta suas últimas obras, abertamente comerciais e fora de seu espectro, como A Armação (The Gingerbread Man, 1998), Dr. T e as Mulheres (2000) e De Corpo e Alma (The Company, 2003).

Se não foi reconhecido em sua terra, Altman no entanto foi aclamado na Europa, pois é um dos poucos artistas a vencer os três principais festivais europeus: M*A*S*H* venceu Cannes em 1970, Short Cuts, o Leão de Ouro em Veneza em 1996, e Oeste Selvagem (Buffalo Bill and the Indians) Berlim em 1976.

Satírico, hirônico, cáustico, Altman trabalhava com improvisação, grandes elencos (alguns atores eram recorrentes, como Lili Tomlin), tomadas longas e corajosas (filmou o pênis e um homem urinando de frente em Short Cuts), em filmes sempre repletos de diálogos cortantes, inteligentes e críticos, nos seus melhores momentos.

Seu auge foi na década de 70, quando dirigiu seu maior sucesso de bilheteria e crítica, M*A*S*H*, seu oitavo filme, um libelo pacifista que tirava um sarro louco dos militares americanos, da paranóia comunista e da Guerra Fria. No mesmo pique, filmou o western Quando os Homens São Homens (McCabe and Mrs. Miller, 1971), o noir O Perigoso Adeus (1973), para muitos seu melhor filme, e Nashville (1975) satirizando os “EUA profundo”, o meio-oeste americano conservador, reacionário, religioso, republicano. A fase de ouro terminaria no enigmático Três Mulheres (1977).

Daí em diante começava sua fase decadente, que durou mais de 15 anos, em especial depois do fiasco de Popeye (1980). O cineasta foi trabalhar na televisão e até como ator. Apesar de ter feitos ótimos filmes, como A Nave da Revolta e do sucesso da série televisiva M-A-S-H (que ele odiava), caiu no esquecimento. Dirigiu um espetáculo na Broadway, Come Back to the Five and Dime, Jimmy Dean, Jimmy Dean, depois adaptado para o cinema como James Dean, o Mito Sobrevivente (1982), sem nenhuma repercussão.

A volta por cima ocorreu em 1992, com O Jogador, com Tim Robbins, uma sátira à Hollywood em que Altman abriu imitando o famoso plano-seqüência de sete minutos que Orson Welles fez em A Marca da Maldade. Depois faria um de seus grandes filmes, Short Cut

s (1993), baseado em contos e poemas de Raymond Carver. Na seqüência, apesar de Marcello Mastroiani e Sophia Loren no elenco, recebeu críticas negativas por Prêt-a-Porter (1994), em que ridicularizava o mundo da moda (grande atuação de sua habitual colaboradora Anouk Aimée) e Assassinato em Gosford Park (2001), que recebeu várias indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, diretor e para as atrizes coadjuvantes Maggie Smith e Helen Mirren (em desempenho notável). Venceu como melhor roteiro.

O último filme foi A Última Noite (A Prairie Home Companion, 2006), em que um octogenário morre (mesma idade de Altman ao morrer) e uma das personagens (Virginia Madsen) diz que quando um homem de 80 anos morre isso não significa nada, o show tem de continuar.

Altman nasceu no Kansas em 1925 e foi um apaixonado por jazz. Foi piloto na Segunda Guerra Mundial e formado em engenharia pela Universidade do Missouri, mas nunca exerceu. Seu primeiro filme, Os Deliqüentes (1957), surgiu depois de trabalhar longamente para a televisão, dirigindo episódios de séries como Bonanza e Alfred Hitchcock Presents. Desde então, foi considerado um dos mais modernos diretores americanos, com seu estilo único de filmar, seu humor ácido e sua imensa caridade com os diferentes da sociedade, especialmente os marginalizados que sofrem de preconceitos da classe média branca americana.

Prémios e nomeações

  • Recebeu cinco nomeações ao Óscar, na categoria de Melhor Realizador, por "M*A*S*H*" (1970), "Nashville" (1975), "The Player" (1992), "Short Cuts" (1993) e "Gosford Park" (2001).
  • Recebeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Filme, por "Nashville" (1975).
  • Ganhou um Óscar Honorário em 2006, em reconhecimento à sua carreira no cinema.
  • Recebeu quatro nomeações ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Realizador, por "M*A*S*H*" (1970), "Nashville" (1975), "The Player" (1992) e "Gosford Park" (2001). Ganhou por "Gosford Park".
  • Recebeu uma nomeação ao Globo de Ouro de Melhor Argumento, por "Short Cuts" (1993).
  • Ganhou a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, por "M*A*S*H*" (1970).
  • Ganhou o Prémio de Melhor Realizador, no Festival de Cannes, por "The Player" (1992).
  • Ganhou o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, por "Short Cuts" (1993).
  • Ganhou em 1996 um Leão de Ouro especial no Festival de Veneza, em reconhecimento à sua carreira.
  • Ganhou o Urso de Ouro, no Festival de Berlim, por "Buffalo Bill and the Indians, or Sitting Bull's history lesson" (1976).
  • Ganhou o Prémio FIPRESCI, no Festival de Berlim, por "Secret Honor" (1984).
  • Recebeu uma nomeação ao BAFTA de Melhor Filme, por "The Player" (1992).
  • Recebeu três nomeações ao BAFTA de Melhor Realizador, por "M*A*S*H*" (1970), "A wedding" (1978) e "The Player" (1992). Ganhou por "The Player".
  • Recebeu uma nomeação ao BAFTA de Melhor Argumento, por "A wedding" (1978).
  • Recebeu quatro nomeações ao César de Melhor Filme Estrangeiro, por "Nashville" (1975), "A wedding" (1978), "The Player" (1992) e "Short Cuts" (1993).
  • Recebeu duas nomeações ao Independent Spirit Awards de Melhor Realizador, por "Short Cuts" (1993) e "A Prairie Home Companion" (2006). Venceu por "Short Cuts".
  • Ganhou o Prémio de Melhor Argumento no Independent Spirit Awards, por "Short Cuts" (1993).
  • Ganhou três vezes o Prémio Bodil de Melhor Filme Americano, por "Nashville" (1975), "The Player" (1992) e "Short Cuts" (1993).
  • Ganhou o Prémio do Público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, por "Jazz'34" (1996).
▬ Segue abaixo o video de Robert Altman, ganhando seu OSCAR honorario:
• Clique Aqui •

8 comentários:

  1. Infelizmente nunca vi nada deste senhor. Tenho mesmo que começar a dedicar-me à sua obra porque creio valer a pena. Bom artigo :p

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Òtimo texto, parabéns. Preciso ver alguns filmes do Altman, mas o meu favorito dele, apesar de ser bem longo é "Shorts Cuts". Gosto do modo como o diretor conta várias histórias, o que acabou virando especialidade dele.

    Beijos! ;)

    ResponderExcluir
  3. Não conheço muito da filmografia do Altman, mas, sem dúvida alguma, ele foi um grande diretor. Alguém obcecado pelo ser humano, pelas nossas relações.

    ResponderExcluir
  4. Bacana teu texto. Altman era um diretor e tanto. Espero textos de Bergman e Antonioni. Valeu.

    ResponderExcluir
  5. De Altman gostei muito de Gosford Park... um excelente filme.
    O teu texto sobre Altman está magnifico.
    Bjs

    ResponderExcluir
  6. Olá Cleber!
    Parabéns pelo texto, Altman foi sem dúvida um grande diretor q contribuiu muito para a sétima arte! Assisti a maioria dos filmes citados, com destaque para: M*A*S*H, Short Cuts, O Jogador, Assassinato em Gosford Park, A Fortuna de Cookie e Popeye, entres os q mais gostei! Abraço! Diego!

    ResponderExcluir
  7. Sem dúvida um dos maiores diretores de todos os tempos! "Short Cuts" é um dos meus filmes favoritos...

    ResponderExcluir
  8. É um diretor excepcional, daqueles especializados em lidar com atores (coisa raríssima de uns anos para cá). Pena que não conferi toda sua filmografia (ainda faltam alguns menos famosos), mas posso assegurar que "Nashville" e "M.A.S.H" estão entre os melhores filmes que assisti deste gênio chamado Robert Altman.
    Um abraço, Cleber!!!

    ResponderExcluir